Data da publicação: 12/09/2024
Publicado na revista People and Nature, o artigo "Redes de Coletores de Sementes Nativas no Brasil: Semeando Inovações Sociais para uma Mudança Transformadora" coloca holofotes sobre o poder de transformação dessas iniciativas.
As mudanças climáticas e a perda de biodiversidade têm pressionado o mundo a buscar soluções inovadoras para a restauração ecológica. Entretanto, a história nos revela que raramente essas inovações favorecem as comunidades mais vulneráveis. Publicado recentemente na revista People and Nature, o artigo científico intitulado "Redes de Coletores de Sementes Nativas no Brasil: Semeando Inovações Sociais para uma Mudança Transformadora" coloca holofotes sobre o poder catalítico dessas redes em provocar transformações estruturais na direção de um mundo mais justo e sustentável.
O estudo aponta as Redes de Coletores de Sementes Nativas como protagonistas de inovação social na restauração de paisagens, especialmente em áreas onde a regeneração natural já não é possível. Segundo o artigo, essas redes têm enfrentado com êxito desafios estruturais, como a falta de governança e recursos financeiros limitados no cumprimento da missão de produzir e distribuir sementes nativas para diversos projetos de restauração.
Mais do que fornecedores de sementes, a pesquisa revela que essas redes têm criado novas formas de organização social colaborativa e, com isso, transformado comunidades locais em agentes de inovação socioecológica.
“Nossa pesquisa se debruçou sobre nove Redes de Coletores de Sementes Nativas no Brasil. E o que descobrimos é inspirador. Essas redes estão na linha de frente da inovação socioecológica, conectando o conhecimento ecológico local a outros sistemas e práticas. O resultado? Inovações sociais que se manifestam através de ações coletivas, aumentando a eficácia das iniciativas de restauração e trazendo benefícios reais para as comunidades locais”, ressalta Aurélio Padovezi, autor da pesquisa.
Segundo Padovezi, o que torna essas redes verdadeiramente inovadoras é a capacidade de conectar o conhecimento tradicional local às práticas contemporâneas de restauração. “Essas redes não apenas impulsionam a conservação da biodiversidade, mas também envolvem grupos economicamente marginalizados, fortalecem a relação entre humanos e natureza e ampliam a participação social nos processos de tomada de decisão sobre o uso das paisagens. Quando comunidades tradicionais — como indígenas, geraizeiros e kalungas — atuam e colaboram com outros atores importantes, elas conseguem romper com estruturas sociais e alavancar mudanças transformadoras. Um ponto importante que aprendemos é o papel vital das organizações públicas na criação de um ambiente favorável para esses inovadores socioecológicos”, acrescenta.
A pesquisa revela que, ao conectar atores locais com políticas globais, como a Década de Restauração de Ecossistemas promovida pelas Nações Unidas, as Redes de Coletores de Sementes Nativas estão ajudando o Brasil a avançar em direção às suas metas ambientais, ao mesmo tempo que promovem o desenvolvimento sustentável de suas regiões e a capacidade de atuação de comunidades locais. Nesse sentido, o reconhecimento dessas redes como agentes de inovação social pode abrir novas janelas de oportunidades para parcerias e investimentos, fortalecendo ainda mais os esforços de restauração em grande escala.
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